Business Strategy in the Global Economy - BUS530 - 2.5

Economia e política em negócios internacionais

Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.

Economia e política em negócios internacionais

Objetivos de Aprendizagem

Introdução

Poder e riqueza, Estados e mercados, política e moeda representam termos mais frequentemente usados para definir a Economia Política Internacional, ou EPI. Neste contexto, o Estado identifica-se com poder e política, e o mercado identifica-se com moeda e riqueza. Como resultado, a Economia e Política Internacional é entendida por Gonçalves (2016, p. 2) como “a área do conhecimento cujo principal objetivo de estudo é o impacto da economia mundial de mercado sobre as relações dos Estados e as formas pelas quais os Estados procuram influenciar as forças de mercado para sua própria vantagem. ”

O foco no mercado e no Estado tende a restringir a complexidade das determinações do comportamento dos atores que formam a política. O mercado é o locus de encontro da oferta e da demanda de bens, serviços e fatores de produção. O mercado é o reino do homo economicus, que objetiva maximizar seus benefícios econômicos e adota uma função que procura maximizar a dotação de fatores, tecnologia, assimetria de informação, poder e mercado. Gonçalves (2016) reitera que o homo economicus enxerga o mundo somente pela ótica da objetividade, mais especificamente do interesse material.

A dinâmica do sistema econômico internacional compreende relações, processos e estruturas. As relações significam interação. As esferas são a comercial, e produtiva-real, a tecnológica e a monetário-financeira. Os atores nacionais e transacionais são estatais (governo brasileiro), paraestatais (Petrobrás, por exemplo), interestatais (Itaipu binacional, por exemplo) e não estatais (empresas privadas). A conduta desses atores é determinada por fatores objetivos, como os interesses materiais para geração de riqueza, e políticos, para geração de poder, e por fatores subjetivos, com destaque para os valores e ideais.

Figura 9 – Modos de entrada e empresas em mercados internacionais

Fonte: elaborado pelo autor

No sistema internacional, relações de conflito são situações de equilíbrio instável, enquanto situações de equilíbrio, num contexto dinâmico, assentam-se em relação de rivalidade, comenta Gonçalves (2016). O sistema internacional é, na sua essência, um sistema dinâmico que envolve poder e, portanto, é um sistema de antagonismo permanente e equilíbrio instável. Considere, caro leitor, que no sistema internacional a guerra e a paz representados pela harmonia e conflito respectivamente, não são fins em si mesmo e sim, meios de alcançar objetivos específicos nos campos econômico, político, cultural e militar. O sistema internacional envolve então três subsistemas básicos que são interdependentes: político, cultural e econômico.

Gonçalves (2016) reforça que os grandes temas das relações internacionais fazem parte, de uma forma ou de outra, dos três sistemas básicos (político, cultural e econômico) e também de outros temas como segurança, militar, ciência, técnica, conhecimento e tecnologia, aderidos a outros temas como energia, meios de comunicação, crime organizado, proteção ao meio ambiente, normas trabalhistas, desenvolvimento, vulnerabilidade externa, fome, epidemias, organismos internacionais e regimes regulatórios. 

No sistema internacional, Gonçalves (2016) sustenta que o poder econômico se expressa por meio de relações, processos e estruturas específicas que compõem o sistema econômico internacional. Esses temas fazem parte das quatro esferas da EPI relativas ao sistema econômico internacional: comercial, produtivo-real, tecnológico e financeiro. Veja, caro leitor, que todas as relações econômicas internacionais operam nessas esferas.

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A EPI é um método de análise cujos eixos estruturantes são as rivalidades interestatais que envolvem disputas entre classes e grupos sociais. O foco da EPI é a dinâmica do sistema econômico internacional em suas distintas esferas e dimensões. Essa dinâmica (cooperação e, principalmente, conflito) resulta das decisões e ações de atores nacionais e transnacionais, cujas condutas são determinadas por fatores objetivos e subjetivos. (GONÇALVES, 2016, p. 10)

Sistemas políticos e legais

Um sistema político se refere “a um conjunto de instituições formais que constituem um governo. Abrange corpos legislativos, partidos políticos, grupos de lobby e sindicatos”, define Cavusgil (2010, p. 128). Um sistema jurídico refere-se “a um conjunto de interpretações e aplicações das leis”, também definição de Cavusgil (2010, p. 128). As normas de conduta são estabelecidas por leis, regulamentos e regras. Um sistema legal incorpora então instituições e procedimentos para assegurar a ordem e solucionar disputas em atividades comerciais, bem como proteger a propriedade intelectual e taxar a produção econômica. Veja, caro leitor, que os sistemas políticos e legais são ambos dinâmicos e estão com mutação constante. Também são caracterizados pela interdependência, as mudanças em um sempre afetarão o outro, tendo o risco-país como um dos principais elementos que impactam as fontes de sistemas políticos legais.

Cavusgil (2010) defende que as principais funções de um sistema político constituem em instaurar a estabilidade com base nas leis, prover proteção contra ameaças externas e reger a alocação de recursos valiosos dentre os membros de uma sociedade. Caro leitor, o sistema político de cada país é relativamente único, resultado de um contexto histórico, econômico e cultural particular. A figura 10 apresenta fontes de risco-país, que impactam diretamente as relações internacionais.

Figura 10 – fontes de risco-país

Fonte: Cavusgil (2010, p. 130)

No que se refere à regulamentação e ao controle dos negócios, principalmente para empresas internacionalizadas, os sistemas políticos têm impacto nas relações internacionais. Os sistemas políticos variam do controle estatal de empreendimentos econômicos e do comércio interno à intervenção governamental mínima nas atividades comerciais. Vejamos alguns sistemas políticos.

Totalitarismo: entre os estados totalitários bem conhecidos do passado estão China, Alemanha, União Soviética, Espanha. Atualmente alguns estados do Orienta médio e da África adotam elementos do totalitarismo. Neste sistema, o Estado tenta regular a maior parte dos aspectos de conduta pública e privada e busca controlar todas as questões econômicas, políticas e as atitudes, os valores e as crenças de seus cidadãos. Cavusgil (2010) nos ensina que, no decorrer do tempo, a maioria dos Estados totalitários do mundo desapareceu ou mudou seu sistema político e econômico para a democracia e o capitalismo.

Socialismo: o princípio fundamental do socialismo é que o capital e a riqueza devem ser apropriados pelo Estado e servem basicamente como meio de produção para uso e não visando lucro. Tem como base uma ideologia coletivista em que o bem-estar coletivo supera o individual. Neste sistema, os capitalistas recebem uma quantia desproporcional de riqueza de uma sociedade em relação aos trabalhadores, e, como a remuneração dos trabalhadores não corresponde ao valor integral de seu trabalho, o governo deve controlar os meios básicos de produção, distribuição e atividade comercial.

Democracia: tornou-se um sistema político predominante na maioria das economias avançadas do mundo, e caracteriza-se por dois aspectos principais:  direito privado à propriedade e governo limitado. Neste sistema, as iniciativas individuais de pessoas e empresas podem conflitar com os princípios de igualdade e justiça. Os indivíduos possuem diferentes níveis de recursos pessoais e financeiros e cada um deles atinge diferentes graus de sucesso, o que leva a desigualdade social. Mas, neste regime, pode-se perceber algumas características do socialismo também, quando na arrecadação de impostos proporcional ao ganho pessoal ou jurídico, para melhor aplicação de verbas em projetos e assistência social pelo Estado.

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“Risco-pais refere-se à exposição a uma perda em potencial ou a efeitos adversos sobre as operações e a lucratividade de uma empresa causados por desdobramentos no ambiente político e/ou legal de um país”, relata Cavusgil (2010, p. 127). O risco-país representa então um dos quatro principais tipos de risco em negócios internacionais, conforme conceitos visitados no início de nossos estudos de estratégia na economia global. Importante mencionar que o risco-país também pode ser referenciado como risco político. Perceba que embora a causa imediata de um risco-país seja um fator político ou legal, pode haver desdobramentos econômicos, sociais ou tecnológicos envolvidos.

Figura 11 – Risco-país como um dos quatro principais tipos de risco em negócios internacionais

Fonte: Cavusgil (2010, p. 128)

Influência dos sistemas políticos nos sistemas econômicos

Cada sistema político tende a ser associado a um tipo específico de sistema econômico. O totalitarismo está associado às economias dirigidas, a democracia associada às economias de mercado e o socialismo às economias mistas. Vejamos.

Economia dirigida: conhecida como economia de planejamento centralizado, o Estado é responsável por tomar todas as decisões econômicas que dizem respeito a quais bens e serviços o país deve produzir, a quantidade de produção, aos preços de venda e à forma de distribuição. Assim, o Estado detém a posse de toda riqueza, terras e capital de produção.

Economia de mercado: a tomada de decisão nos níveis de produção, consumo, investimento e poupança resulta da interação entre suprimentos e demanda, ou seja, das forças de mercado. Cavusgil (2010) nos ensina que neste sistema, as decisões econômicas são deixadas a critério de indivíduos e empresas e a intervenção governamental no mercado é limitada. Neste modelo, ainda podemos observar que há uma ligação ao capitalismo, de acordo com o qual a posse e a operação dos meios de produção são de ordem privada. Os participantes exibem uma mentalidade orientada ao mercado e um espírito empreendedor.

Economias mistas: neste sistema, as características de economia de mercado e de economia dirigida são consideradas. Ela combina a intervenção estatal com os mecanismos de mercado para que se atinjam a produção e a distribuição, sendo a maioria das indústrias pertencentes à iniciativa privada, de forma livre para os empreendedores estabelecerem, possuírem e operarem seus negócios. Mas o governo também controla certas funções, como os sistemas de aposentadoria, as regulamentações trabalhistas, os níveis de salário mínimo e as leis ambientais. De forma geral, o Estado financia a educação, a saúde e outros serviços públicos vitais. Normalmente há empresas estatais com as operações e gestão em setores essenciais como transportes, telecomunicações e energia.

Em resumo

Nesta aula, vimos que no sistema internacional, o poder econômico se expressa por meio de relações, processos e estruturas específicas que compõem o sistema econômico internacional. Esses temas fazem parte das quatro esferas da EPI relativas ao sistema econômico internacional: comercial, produtivo-real, tecnológico e monetário financeiro. Todas as relações econômicas internacionais operam nessas esferas: Esfera comercial, Esfera produtivo-real, Esfera tecnológica e Esfera monetário-financeira. Vimos também que os sistemas políticos e legais trazem impacto e atenção para a internacionalização de empresas e são classificados como Totalitarismo, onde o Estado tenta regular a maior parte dos aspectos de conduta pública e privada e busca controlar todas as questões econômicas, políticas e as atitudes, os valores e as crenças de seus cidadãos; Socialismo onde o princípio fundamental do socialismo é que o capital e a riqueza devem ser apropriados pelo Estado e servem basicamente como meio de produção para uso e não visando lucro e a Democracia, sistema político predominante na maioria das economias avançadas do mundo, e caracteriza-se por dois aspectos principais: direito privado à propriedade e governo limitado, onde as iniciativas individuais de pessoas e empresas podem conflitar com os princípios de igualdade e justiça. Por fim, vimos que a influência dos sistemas políticos nos sistemas econômicos abarca uma associação da economia com seus sistemas e podem ser classificados em: economia dirigida, economia de mercado e economia mista.

na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

Cavusgil, S. T. (2010). Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 

Gonçalves, R. (2016). Economia política internacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

Madeira, A. B.; Silveira, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias e aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.

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Imagens: Shutterstock

Livro de Referência:

Internacionalização de Empresas: Teorias e Aplicações

Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira

Saint Paul, 2013

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